Vitima de um assalto, Mukitinho da Bahia, pouco conhecido como Paulo dos Santos, maquinista de cinema*, famoso por seu jeito peculiar de pronunciar as palavras, vai com sua esposa, à 15ª. delegacia, no bairro de Sussuarana, registrar a ocorrência.
Na sala, estão presentes a delegada, um escrivão ao computador, um policial em pé na porta, mantida aberta por causa do grande calor, apesar do antigo e barulhento ventilador de teto ligado no máximo, além do próprio Mukito e sua mulher.
Como em todo evento de alto teor burocrático, fazem perguntas à vítima que em nada se relacionam ou ajudam na elucidação do caso.
Delegada: - Seu Paulo, o nome de sua mãe???
- Shaci, Shaci dos Shantosh, responde Mukito.
- Como??? Pergunta a delegada, fazendo um sinal para o escrivão não digitar.
- É Shaci!!! Repete Mukitinho.
- Saci??? Pergunta a delegada, sem conter um leve riso.
Mukitinho irritado diz: - Não, não é Sachi!!! É Shaci!!!
A delegada e todos na sala, menos o próprio Mukito e sua senhora, claro, explodem em uma sonora gargalhada. Alguns curiosos vêm à porta para saber o que está acontecendo.
Sem conter sua raiva crescente, Mukitinho, tira o documento que restou na carteira vazia e quase esfrega na cara da delegada: - Óia aí, ó!!!!
A delegada, vermelha de tanto rir, lê em voz alta: - Jaci dos Santos!!! E a gargalhada volta a soar no recinto. Sua esposa, que até esse momento se mantivera calada, não se contém e cai na risada também. Mukitinho aperta a mão de sua mulher com força e a fuzila com o olhar.
- Calma Seu Paulo!!! Diz a delegada, que se volta ao escrivão e dita: - J-A-C-I dos Santos(sh), com um tom de desdém
Mukito, contrariado, resmunga consigo mesmo: - Shi esha aí não foshi deiegada e muié, merechia é unsh shopaposh!!!
*Maquinista: é um tipo de faz tudo no cinema, executa tarefas e resolve problemas com cérebro e músculos.
Baseado em fato real. Essa crônica é uma homenagem a Mukitinho e seu bom humor.